O que Aziz Ab´Saber Diria do Desastre em Mariana?

yuri abyaza costa
Aziz Ab´Saber x Mariana MG

É praticamente impossível saber o que o maior geógrafo e ambientalista, Profº Aziz Nascib Ab´Saber diria sobre o desastre ambiental que ocorreu em um dos distritos da cidade de Mariana em Minas Gerais.
Para quem não sabe, Aziz Ab-Saber era referência em assuntos relacionados ao meio ambiente e a impactos ambientais decorrentes das atividades humanas. Foi um professor polivalente, laureado com as mais altas honrarias científicas, em geografia, arqueologia, geologia e ecologia - Membro Honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grã-Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente. Era Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, professor honorário do Instituto de Estudos Avançados da mesma universidade e ex-presidente e atual Presidente de Honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Embora aposentado compulsoriamente no final do século XX, manteve-se em atividade até o fim da vida. Fonte aqui.
Tive o prazer de conhecê-lo, graças ao meu pai, Miguel Costa Junior. Ambos estudaram juntos na USP na década de 1950. Percorreram o Brasil de norte a sul e juntos ajudaram a escrever a geografia do país. Publicaram diversos trabalhos, até que meu pai se enveredou pelo caminho da política, enquanto Aziz Ab´Saber continuou com a geografia e se aprofundou tanto que se tornou um gênio no assunto.
Ferrenho defensor das causas ambientais mundiais, dedicou a vida a estudos e soluções voltadas para enriquecer economicamente o Brasil, por meio da fauna e flora, só que infelizmente estava muito a frente do seu tempo, por isso, foi incompreendido por milhares de pessoas. Até mesmo pelo ex-presidente Lula. Lembro-me como se fosse hoje da gentileza que o professor Aziz me fez. Pedi que prefaciasse meu livro. Prontamente atendeu meu pedido. Saiu de sua residência na Granja Viana e veio até meu escritório. Disse-me que se tinha algum arrependimento era o de um dia ter apoiado o Lula para presidente, pois não valia nada. As caravanas que fez pelo Brasil foram enganação, politicagem, nunca teve cunho social. É uma honra e um privilégio para qualquer pessoa ter o prefácio do livro assinado por ele.
Esse é o menor dos problemas. O maior dos problemas é a catástrofe ambiental que ocorreu em Mariana/MG. O que o professor Aziz diria? É impossível saber. Muito menos o que sentiria. As vezes agradeço a Deus por ter tirado desse mundo pessoas iguais a ele, iguais a meus pais e iguais a tantos outros que foram incompreendidos, que não tiveram a chance de serem ouvidos, porque os responsáveis por guiar os destinos da Nação estavam interessados em guiar os próprios destinos, abandonando tudo e todos a sorte da própria vida. Uma lástima.
Imaginem o arrependimento deles de terem apoiado politicamente um homem que deu a partida para a ruína social e econômica do Brasil e que depois disso arrastou para dirigir o país uma mulher que já provou diversas vezes que não tem a habilitação necessária para ocupar o cargo que ocupa. Imaginem o sentimento de derrota ao ver o Rio Doce assassinado brutalmente pela fúria cega da ganância e da incompetência, mais do que isso, o descaso do governo que eles apoiaram ingenuamente, pois foram enganados por palavras que acreditavam, por discursos que são bonitos no papel e que jamais foram de fato transformados em realidade.
Deus, obrigado por não fazê-los sofrer mais do que sofreram ao longo da vida, desobrigando-os de presenciar essa catástrofe.
Meus sentimentos pelas vítimas e pelas pessoas que hoje sofrem por causa da falta de água nas cidades que o Rio Doce abastecia. Certamente a vida dessas pessoas perdeu o sabor, aliás, ganhou o sabor da amargura e certamente Minas Gerais pensará melhor no voto das próximas eleições. 

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