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Rosinha, sua mãe!

Carta resposta a Rosinha, personagem imaginário. 

Oi Rosinha, tudo bem?
Quase todos os dias você me pergunta como estou, pois bem, hoje lhe contarei como me sinto. Rosinha, eu estava muito bem, estava feliz com a vida que levava, até quando conheci sua mãe. Depois dessa data minha vida se transformou tanto que estou completamente perdido. Sabe como é a experiência de conviver com a sua mãe? Vou lhe contar: sabe aquela primeira vez que você voou de avião? Recorda-se da sensação que se tem durante a decolagem e depois, lá em cima, aquela calmaria? Lembra-se também de como é a aterrizagem? Então! No início, conviver com a sua mãe era mais ou menos a mesma sensação que você teve quando adquiriu a experiência de voar pela primeira vez. Só que, agora, de tanto voar, o negócio ficou chato, então, para dar um certo clima à convivência, ela resolveu atirar o piloto pela porta da aeronave e danificar os motores, resolveu também se livrar de qualquer possibilidade de salvamento, pois ela eliminou também os rádios e os paraquedas. Estamos em queda livre. O pior disso tudo é que estou amarrado a poltrona e com a boca tampada e só um olho aberto, o outro está vendado. Consegue imaginar como me sinto? A cada dia essa aeronave se aproxima mais e mais do solo e com velocidade maior. O impacto irá pulverizar tudo e todos. Eu não aguento essa sensação de pânico constante. Acho que meu desejo era ir no lugar do piloto ou junto com ele, ao menos, em queda livre, poderia apreciar a paisagem vista de cima, quem sabe plainar com os pássaros que até poderiam se perguntar, que tipo de pássaro sem asas eu seria? Estatelado ao solo, contemplaria os últimos segundos de vida em silêncio total, sozinho, em paz eterna.
A realidade é outra, ainda estou preso a poltrona desse avião ao qual jamais deveria ter subido a bordo. Ter me sentado a poltrona, apertado o cinto e decolado. Não vejo outra saída para mim. Sinto que é meu fim trágico e infeliz. Não desisti de rogar a Deus todo poderoso que atenda minha súplica e sob a misericórdia divina, "livrai-me de todo o mal, amém".
Ah Rosinha querida. Como é bom recordar do seu cheiro, das suas risadas e da sua persistência. Essa recordação e a imaginação de como poderia ter sido de fato, são os momentos de calmaria que tenho por alguns segundos, enquanto tento me acalmar da sensação que tenho durante essa queda livre.
Rosinha, espero não tê-la entristecido com essa declaração deprimente de um homem que está prestes e não pronto para evaporar da vida. O pior disso tudo Rosinha, sabe o que é? É que tudo isso é uma metáfora para explicar que a vida que irá se esvair não é a física, é a espiritual. Essa vida que está sendo apunhalada e que grita por socorro. Mas quem pode acoplar a essa aeronave em que estou preso, outra aeronave e por meio de uma ponte, me salvar dessa tortura? Nem você, Rosinha.

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