Como ficar rico na velhice

yuri abyaza costa
Ficar rico é questão de tempo

Quando eu era garoto eu via pouca televisão. Meu pai não deixava assistir por muito tempo, ele dizia que TV é máquina de emburrecer pessoas. Para aquela época ele estava certo, porque não tinha programa bom. Aliás, só o tempo mesmo para amadurecer a mente das pessoas. No passado, cinto de segurança era assessório inútil no carro, hoje é útil, e muito. Ele tinha uma TV Philips preto e branco de 50 polegadas, na época não tinha controle remoto, para mudar os canais tinha que girar o seletor, que eu girava assim:  traaaa para um lado, traaaa para o outro lado. Às vezes dava sorte de um canal sintonizar. A antena era interna e quase nenhum canal sintonizava - a emissão de sinais e a captação eram ruins. A TV vinha embutida numa mesa, que tinha pés altos e finos. Era um móvel bonito que recebia cuidados especiais.
Uma vez - por pura sorte - a TV sintonizou num canal que transmitia um filme, que assisti e recordo até hoje. Era a história de um garoto que queria ficar rico, só que não sabia como. Certa vez um duende apareceu e disse ao garoto que se ele quisesse ficar rico, ele deveria guardar por toda a vida tudo o que ele ganhasse, comprasse, encontrasse. Assim fez o garoto. O trabalho dele era guardar. Sua mãe, que não entedia nada, questionava o filho quanto a um emprego assalariado.
Quarenta anos depois, o garoto já era velho, estava sem um puto no bolso. Ele pegou uma caneca e foi a um posto de gasolina pedir esmolas. Nisso, um carrão parou ao lado dele, a janela abriu e uma jovem mulher perguntou quanto ele queria pela caneca. Como não soube responder, a mulher disse que pagaria quarenta mil dólares por ela. "Quarenta mil! Tá vendida."
O garoto entendeu que ele tinha uma fortuna nas mãos, pois, por toda a vida havia guardado zelosamente objetos que não existiam mais e que valiam muito para colecionadores. Conforme o duende garantiu, o garoto, que agora era velho, ficou rico. Ele se casou com uma gatinha super gostosa, comprou uma mansão, um baita carro, e toneladas de viagra. Conheceu gente importante - "até o neto bastardo do seu bisavô" - viajou o mundo para participar de leilões e foi enterrado com honras de Secretário de Estado. O duende, esse continuou baixinho, sozinho e verde, ou será que era azul! Não lembro. Só que continuou a fazer seu trabalho, de ajudar as pessoas a ficarem ricas. 

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