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Viajando por aí |
Eu trabalho em casa e, por isso, quase não tenho tempo para sair, meu trabalho é via e-mail, telefone, redes sociais ou carta, não mantenho muito contato com as pessoas e, francamente, acho que assim está muito bom. Antigamente, quando eu trabalhava fora da minha casa, eu acordava bem cedo, ia para o banho, depois tomava um café, depois tomava a condução, chegava ao trabalho em um horário determinado, olhava para a cara do chefe e isso era um indicador de que eu marcava o cartão de ponto - ideia inconcebível para mim - depois eu tinha que ficar plantado em um lugar até o meio dia e depois ir almoçar em uma hora, o que é muito pouco tempo para se alimentar, quando o funcionário tem que fazer algo particular, como pagar uma conta, por exemplo, ele faz isso dentro do horário do almoço, e o mínimo tempo que sobra, é o tempo que ele tem para engolir a comida e não ficar com fome depois. Às treze horas, eu tinha que estar de volta - bem animado - para atender as pessoas, vender bem e agradar ao chefe. Após acabar o dia, eu voltava para casa, em uma condução lotada, ia para a faculdade, que era a parte mais legal, ninguém queria saber de estudar, os alunos queriam o diploma, acho que até hoje é assim, o estudo não importa muito, o que vale é o diploma, afinal é ele que garante o conhecimento e não o conhecimento em si, que é atestado pelo diploma. Acho que é por isso que o valor maior é atribuído ao papel decorado.
Um dia eu cansei disso e resolvi que teria que me virar de outra forma, ter meu negócio próprio, que me desse o suficiente para eu viver bem. No trabalho de empregado eu tinha exatamente isso, o suficiente para viver bem, e mais uma carga de escravidão e submissão, com meu negócio próprio, bem ou mal, não carrego a carga de escravidão.
Essa introdução foi para contar que eu tive que sair de casa para resolver algumas coisas impossíveis de serem resolvidas por e-mail. Tive que pegar um trem, um metrô e um ônibus, onde passei oito horas dentro dele, com um cara asqueroso ao meu lado. No trem correu tudo bem, estava tranquilo, com ar condicionado ligado, poucas pessoas, segurança e rapidez. No metro foi diferente, estava atrasado e lotado, quando entrei no vagão arrumei um lugar para mim, as portas fecharam e a composição não partia, foram mais de dez minutos estacionado. Enquanto eu esperava - e os outros também - um pouco mais adiante de mim, duas garotinhas, entre doze e quatorze anos no máximo, com cabelos coloridos, vestimenta desleixada, piercing pelo rosto todo, se beijavam igual adultas entre quatro paredes. Eu não sei se estou antiquado e desatualizado, só sei que nada foi mais estranho do que o acontecimento posterior. Bem na minha frente estavam dois caras que dividiam um mesmo fone de ouvidos conectado a um celular, até aí tudo bem, eu estranhei quando eles começaram a trocar selinhos e um acariciar a barba do outro, lembrei de um amigo que diz que o mundo é gay, "você pode se levantar e protestar ou pode aceitar, o que é melhor, já que esse é o futuro." Depois de um tempo muito maior do que o previsto, cheguei até a rodoviária, imprimi minha passagem que era o número trinta e três do ônibus executivo que eu viajaria. Quando adentrei o ônibus, fui para o meu lugar, que estava ocupado por um indivíduo bem forte e com cara de poucos amigos, o cara era tão grande que quase ocupava os dois lugares, sentei-me um pouco espremido e assim fiquei as oito horas de viagem, enquanto o folgado seguiu aos roncos "hipopotâmicos." No ônibus tinha uma faixa pequena escrito wi-fi e uma senha, eu fiquei contente, pois poderia viajar e trabalhar. A internet funcionou um minuto depois que o ônibus ligou e um minuto antes de desligar. Parece que eu invento tudo isso para ter o que contar, só que isso não foi tudo. Depois de chegar ao meu destino, fui encaminhado para um sofazinho onde poderia recuperar as horas que fiquei acordado durante a viagem noturna, deitei-me, tirei o tênis, respirei fundo e assim que fechei os olhos, na sala ao lado, batidas de marreta ecoavam pela sala onde eu estava. Quem conseguiria dormir com tamanho barulho? Levantei e saí. Isso foi a um dia, durante esse intervalo tudo ocorreu muito bem, veremos até quando.
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Cultura Popular
kkkkkkkkkkkkk, só vc mesmo! kkkkk! Yuri você é muito engraçado! Concordo com tudo que vc disse, tudo realmente está diferente. A falta de Deus nos corações dos jovens está demais. O amor entre as pessoas e a cordialidade não é mais a mesma. Mas faça sua parte acredite que quem escolheu o melhor lado sempre será criticado e subjulgado pelos outros. Já me puxaram o tapete, atualmente passo por situações não lá muito confortáveis! enfim ..mas não temos outra alternativa senão a de viver.Abraços!
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