Lançamento do livro São Paulo 1924


Para comemorar os 90 anos da Revolução de 1924, foi lançado no último dia 03/06/2014 a mais recente publicação sobre a Revolução. É o livro do ilustre historiador e tenente da Polícia Militar, Celso Pinho.
Publicado pela Editora Gregory, o livro retrata os terríveis acontecimentos que abalaram São Paulo naquele dia 05 de julho de 1924 e que colocou fim a alegria de mais de 700 mil paulistas. Celso Pinho escreveu como se tivesse participado de todos aqueles dias. É uma leitura muito agradável e de fácil compreensão, já que o autor soube enriquecer e ilustrar muito bem a história. Confira abaixo a entrevista que ele concedeu a este blog. 

O que o levou a escrever sobre a Revolução de 1924?

CP: Embora tenha sido um dos mais marcantes fatos da história de São Paulo, os acontecimentos de julho de 1924 estão meio esquecidos, inclusive nas grades de ensino. Se você for até a rua e perguntar para dez pessoas a esse respeito, talvez uma pessoa e meia dirá que já ouviu alguma coisa sobre 24, mas que não sabe exatamente o que foi. Oito e meia dirão que nunca ouviram falar sobre o movimento. Não vai longe, como você sabe,o dia 9 de julho é feriado estadual, mas boa parte dessas dez pessoas é capaz de perguntar:"feriado de quê?".

Como fez para concluir as pesquisas?

CP: Pesquisei muito sobre o assunto, consultei livros e jornais da época, entrevistei pessoas e visitei os locais por onde tiveram combates, anotei fatos marcantes e escrevi o livro. Procurei ilustrar com o máximo de imagens que me foi possível.

Em algum momento, teve alguma dúvida quanto ao resultado do livro?

CP: Veja, quando se escreve algo que já foi escrito anteriormente, tem-se a impressão de que as pessoas vão dizer que é só mais um livro sobre o assunto e com certeza dá uma certa insegurança, mas se esse motivo fosse primordial, Cristóvão Colombo não teria chegado à América.

A Revolução de 1924 é realmente esquecida, por quê?

CP: Eu não diria que ela é esquecida; eu diria que é pouco lembrada.

O que se pode fazer para que se lembrem dessa Revolução?

CP: É o que estamos fazendo, isto é, relembrar fatos marcantes através de livros, filmes, palestras etc. Olha, a partir do meio do mês de março passado, tivemos uma "overdose" de Revolução de 1964. Até quem não tinha nascido naquele ano ficou sabendo o que houve a cinquenta anos atrás. Daqui mais noventa anos, talvez ela esteja tão pouco divulgada quanto é atualmente o movimento de 1924.  Daqui a vinte anos, quantos se lembrarão dos protestos de junho de 2013?

Qual a importância da Revolução de 1924?

CP: Acredito que foi uma espécie de preâmbulo para o golpe de 30 e este, por sua vez, foi o causador da Revolução de 32. Vale lembrar que os revolucionários de 24 foram taxados de "bandidos e criminosos", inclusive pelos patrocinadores do movimento de 30. O curioso é ver que muitos desses “criminosos e bandidos” foram chamados para dar apoio aos revolucionários que derrubaram o presidente Washington Luís.

Qual foi o saldo total dessa Revolução? Ela criou benefícios ou prejuízos?

CP: Resolver as coisas pelas armas não é um bom negócio. Toda e qualquer revolução deixa marcas e, pior que isso, sempre ficam os eternos descontentes, ainda que vencedores.

Você também escreveu sobre 1932. A Revolução de 1924 terminou em 1930. Existe comparação entre as revoluções de 1924 e 1932? Quais as diferenças?

CP: Bem, em 1924 havia uma realidade. Em 1932, outra. Os dois movimentos estão  interligados historicamente, porém com objetivos sociais diversos. A grande diferença é de que em 24 não houve o concurso da população e isso foi um grande erro. Na verdade, os paulistanos foram pegos de surpresa naquele sábado, dia 5 de julho. Já em 32, o apoio popular foi em massa. Um  revolucionário de 24,  o Tenente Gwayer de Azevedo, assinalava de que não se faz revolução sem o apoio do povo.





Celso Pinho é advogado e tenente reformado da Polícia Militar de São Paulo. É historiador e escritor. O livro pode ser encontrado aqui. Contato do autor: celsolpinho@gmail.com

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