Miguel Costa Junior - Baixinho Porreta

Miguel Costa Junior e Maria José Abyaza Costa

Há exatos 104 anos [06/01/2015] nascia um menino que não iria atingir uma estatura física elevada, mas atingiria uma estatura intelectual altiva. Seu nome: Miguel Costa Junior.  Quando completou 14 anos, foi levado por sua tia Josefina para ser matriculado no antigo Ginásio do Estado. O vestibular era rigoroso e miguelzinho estava preparado para enfrentar a banca examinadora. Durante o exame, um dos professores perguntou se ele era filho daquele bandido chamado Miguel Costa, o general revolucionário que comandava a Coluna Miguel Costa & Prestes. Tomado de raiva pelo insulto, passou a mão no tinteiro sobre a mesa para arremessá-lo contra a cabeça do professor examinador. Contiveram o menino, mas não puderam conter sua raiva, que se transformou no mais firme caráter que um homem pode construir. Passado o momento de tumulto e avaliada suas provas, constataram que miguelzinho havia sido aprovado e poderia ser admitido naquela Instituição. Para a surpresa dele e de sua tia, seu nome não constava da lista de aprovados. Seguiram para indagar ao diretor, que respondeu que aquela Instituição pertencia ao Estado, por isso, não poderia admitir que o filho de um inimigo do Estado fosse matriculado, o que contrariaria todos os princípios morais e éticos do Instituto.
Desolada e sem nenhuma esperança, a tia Josefina pegou o menino pela mão e enquanto caminhavam, miguelzinho percebeu que sua tia chorava compulsivamente. Frustrado e enraivecido pela sua condição impotente de menino, disse a sua tia: “titia, não chore, hoje eu sou criança, mas eu vou crescer e vou me sentar na cadeira daquele professor que insultou a nossa família”.  Muitos anos se passaram e aquele menino havia se transformado num homem culto, informado, experiente e inteligente. Foi nessa época que o Estado publicou o concurso para professor. Miguelzinho prestou o concurso e foi aprovado em primeiro lugar, podendo escolher a Instituição que queria lecionar. Sua palavra estava cumprida. Ele foi lecionar no Ginásio do Estado e escolheu a cadeira de geografia, aquela de alto espaldar com botões dourados em que se sentou o distinto e arrogante professor que num passado distante teve a coragem de insultar uma inocente criança.
Miguel Costa Junior era um homem de fibra elástica, envergava, mas não quebrava. Ajudou a escrever a geografia do Brasil ao lado do seu amigo Aziz Nascib Ab-Saber. Ajudou a escrever e a fazer a história de São Paulo. Foi professor, político, empresário, jornalista e escritor. Foi veterano de 1932, cassado em 1964, preso político, exilado e proibido de trabalhar em qualquer repartição pública ou instituição privada. Seus feitos estão registrados por toda a cidade de São Paulo e pelo Brasil, até no Amazonas, pois ajudou a fundar o Festival de Parintins. Fundou jornais, revistas, escolas, carnavais, partidos políticos, Lions, Rotary, Lojas Maçônicas, Festivais entre tantas outras coisas que fez.
Pai, por mais duro que tenha sido com todos nós, seus filhos, tenho certeza que, no fundo, foi em nome do amor.

Feliz aniversário.   

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