Lançado incrível livro biográfico de João Cabanas
Cabanas - autor Celso Luiz Pinho |
"A Justiça tarda mas não falha"- já diz o ditado. Foi lançada a biografia de João Cabanas, ex-tenente integrante da Revolução Brasileira de 1924. Celso Luiz Pinho brilha novamente com mais obra que resgata do poço que a história cava contra ela mesma, quando historiadores negligenciam o passado apenas a fim de produzir best seller com o intuito de ganhar dinheiro. Não é o caso do nosso autor e também tenente da antiga Força Pública Paulista - Celso Luiz Pinho.
Ele cavou outro poço paralelo ao poço bem profundo onde se esconde os registros históricos da chamada "Revolução Esquecida" e de lá do fundo trouxe para a superfície a figura emblemática de João Cabanas, a quem chamo de "O Bandeirante da Revolução de 1924". Sim! Pois foi João Cabanas o tenente responsável por abrir os caminhos para que a Revolução escoasse de São Paulo para combater no interior do Estado, livrando assim os paulistas dos terríveis bombardeios que a cidade sofria. Abaixo você poderá conferir a entrevista que o autor nos concedeu e neste link você poderá comprar o livro e voltar no tempo para uma viagem de muita emoção. Boa leitura.
1). Quais motivos o levaram a escrever sobre o Tenente Cabanas?
Acho que a figura carismática dele. As pessoas, geralmente, o conhecem apenas por sua participação na Revolução de 1924. Eu quis ir um pouco mais adiante e saber o que houve com ele após o conflito armado.
2). O que mais chamou sua atenção nas ações do Tenente Cabanas?
É difícil especificar uma única coisa, mas eu acho o fato ter sido ele o introdutor das ações psicológicas. Não que já não existisse, afinal a pouco menos de 10 anos, o mundo saiu de uma guerra em larga escala e contrainformação sempre existiu. O Cabanas deixava claro que ia atacar uma cidade e confundia o inimigo atacando outra. Mandava telegramas falsos para assustar as tropas do governo e, detalhe importante, tudo por iniciativa própria, característica marcante de um comandante nato.
3). E essa história de “Trem da Morte”?
Era para causar grande efeito psicológico. Imagina você o medo, quando no século XVII alguém via um barco de piratas se aproximando com uma caveira desenhada na bandeira. Aliás, deixa eu esclarecer uma coisa. Esse negócio de que “A Coluna da Morte” chegava nas cidades matando inocentes, roubando, incendiando etc era coisa de propaganda contrarrevolucionária. O termo “Coluna da Morte” foi criado pelos próprios combatentes de Cabanas para dizer que nenhum deles acreditava em sair da revolução com vida.
4). Afora a Revolução de 24, houve mais algum fato histórico que as pessoas desconhecem?
Bem, em nossas pesquisas, conseguimos separar o homem do mito. Poucos sabem de sua participação no governo constitucional de Vargas. Aliás, por um momento, Cabanas chegou mesmo a ser suspeito de ter participado, ou pelo menos, ter conhecimento antecipado do atentado da Rua Toneleiros, quando balearam, se é que balearam, o Carlos Lacerda. Quando a coisa ficou preta, o Presidente Vargas disse que se dependesse dele (Vargas), Cabanas seria seu Ministro da Guerra.
5). Alguns dizem que Cabanas era um revolucionário cruel, outros dizem que, mesmo na guerra, ele era ético e humano. O que você acha?
Bom, eu acho que para haver justiça, é preciso que se escute as versões das duas partes litigantes. O mesmo aconteceu na década de 70 com Carlos Lamarca. Para uns, ele foi um traidor da Pátria; para outros, um grande revolucionário.
6). Dá para se tratar um paralelo entre os dois?
Ambos agiram em épocas diferentes. Na década de 70, a realidade era outra, embora, em comum, ambos tenha lutado contra o governo federal em seus respectivos tempos, e aqui não vamos entrar no campo das ideologias. Aliás, a meu ver, Cabanas só foi apresentar alguma tendência ideológica na metade da década de 30. Sua participação no movimento de 24 não foi consequência de pensamentos políticos. Ele só foi saber que havia uma revolução em andamento em São Paulo no dia que ela estourou. Não teve qualquer participação nos atos preparatórios, embora seu comandante, o Miguel Costa, estivesse altamente comprometido com os rebeldes.
7). E da participação de Cabanas na Revolução Constitucionalista de 1932?
Não há muito a se dizer sobre isso. O Tenente Cabanas não participou do movimento de 32 por se encontrar preso no Rio de Janeiro e só foi libertado ao término das hostilidades. No entanto e é preciso que se diga, a nomeação de João Alberto para a interventoria de São Paulo foi muito criticada por Cabanas. Em seu livro os Fariseus da Revolução, escrito no exílio, Cabanas foi bem claro ao afirmar que quem nasce para ser “tenente”, não deve ser político.
8). O Tenente Cabanas foi um “tenente”?
Não. Aliás, muitas vezes ele se indispôs contra o tenentismo. Ele e o “tenente” Távora, por exemplo, lutaram juntos na revolução, mas não eram muito simpáticos um ao outro.
9). Para escrever “Cabanas”, você contou com a ajuda de familiares do Tenente Cabanas?
Sem dúvida. E aqui vai uma questão de justiça. A filha e neta dele, moradoras no Rio de Janeiro, deram uma força legal. Aqui em São Paulo, também contei com o auxílio de uma sobrinha-neta. Outros, não parentes e de várias cidades, também ajudaram.
10.) Para terminar, você acha que seu livro é o ponto final no assunto?
Pelo contrário. Acho que é o ponto inicial. Com certeza, no futuro aparecerão outros livros, outros autores. O que eu fiz, na realidade, foi reunir em um único texto, as informações
espalhadas.
Muito bom.
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