A História que foi contada por ele

yuri abyaza costa
Um conto para adolescentes

Aquele homem que todo mundo odiava e ao mesmo tempo amava, era um homem distinto; libertador; charmoso; cheio de pose; com um sorriso lindo; dentes brancos; boca carnuda; pele morena; olhos verdes; cabelos pretos e lisos, na altura do ombro; media aproximadamente um metro e oitenta de altura; seus braços eram fortes; os ombros largos e as pernas grossas. Era um verdadeiro Deus greco-romano. Além de ter a aparência física perfeita, era um poeta que declamava as mais lindas poesias, era também um cantor que compunha e cantava canções de guerra e paz. Também era programador e engenheiro digital. Morava em bela casa retirada da estrada; tinha dois carros magníficos, um bugatti e uma lotus. Sua casa era ampla, rústica, com piscina, lareira, decorada com as mais belas pinturas e com móveis clássicos do século passado. Seus gestos eram cavalheirescos, ele parecia não existir. O odor que exalava inebriava o espírito, perturbava a mente. De olhar profundo e penetrante, concentrado e ao mesmo tempo vulgar, sobrepujava o mais viril dos homens. Ninguém sabia como ganhava a vida, de onde vinha o dinheiro para tamanha ostentação, ele não era um exibicionista, sua naturalidade com as pessoas e seu conhecimento das coisas alardeava superioridade, só que mesmo assim ele sabia ser simples. Ele era diferente de todos que ela havia visto, ou tocado, ou beijado, ou transado. Ela era só mais uma mulher entre tantas que já havia deitado na cama daquele homem que mais parecia uma divindade. Ela também era alta, cabelos loiros e compridos um pouco acima da cintura, esguia, olhos grandes, pele tão lisa que parecia veludo da mais fina qualidade, suas mãos de dedos compridos e finos mostrava uma delicadeza sutil que insinuava saber pegar com força e causar prazer - um tanto contraditório, eu sei, só que bem real. Uma voz fina e firme, típico das mulheres que gostam de sexo, que se deitam pelo prazer de serem “comidas” e não amadas. Aquele batom roxo que cobria os lábios grossos destacava-se naquele rosto comprido e magro, bonito, esculpido pelas mãos do próprio Zeus. Suas mamas eram sólidas e consistentes, o glúteo robusto e rígido. Sua vagina excitada expelia um aroma eflúvio que perfumava o ambiente. Ambos ali, parados, um diante do outro, prontos para se agarrarem igual a duas feras famintas por sexo, os hormônios fervilhavam em ebulição, suas almas já se esfregavam naquela atmosfera crepuscular. - Ah! meu Deus! Deixe-me falar um pouco de mim e o que eu fazia entre essas duas almas loucas e sedentas. Embriagadas e raivosas, prontas para explodir de tesão. Meu nome era Tody, fui deixado na mansão dele pelo mordomo que me encontrou na beira de um córrego. Eu o idolatrava, e o observava por muitas vezes perambular pela enorme sala quadrangular fechada por uma abóbada. As paredes repletas de livros, o piano de cauda arranhado pelas unhas de um compositor que na volúpia da criação, saturava as emoções e acariciava ferozmente uma de suas ferramentas deixando as marcas das unhas de sua mão que tinha a força do martelo de Thor. Apesar de amá-lo, não tinha ciúmes quando ele voltava para a nossa casa com as mais lindas mulheres, eu me sentia bem quando ele ficava bem. Às vezes ele me chamava e ficávamos os três juntos, trocávamos carícias, sabores e cheiros. Eu era só mais um gato vira-lata que tinha sido abandonado e adotado por uma alma doce e gentil, que me amava e que me fazia bem. Que saudades sinto de tudo aquilo. Sinto saudades porque não estou mais naquela casa maravilhosa ao lado daquele homem que era um pai para mim. Eu morri de fome, porque meu dono foi preso e depois assassinado. Ele foi trancafiado em uma jaula por homens que queriam ser quem ele era, só que não podiam, porque não tinham sua estatura moral, seu poder mental e espiritual, sua virilidade, sua inteligência, nem a beleza, a força e dinheiro. Eram covardes fracassados, ladrões imorais da mais baixa estirpe, subtipos de pessoas que usaram da força da lei para surrupiar vilmente toda a vida de um homem que venceu pelo próprio trabalho. Acusaram-no de estupro de incapaz, armaram para ele. Pagaram uma prostituta menor de idade e deram a ela uma identidade falsa, seu julgamento foi injusto, porque o júri fora comprado, porque também eram escória. Não quero me lembrar disso, porque essa memória traz dores fortes em meu peito. Quero apenas contar como foi que terminou aquela noite. Ela não resistiu e se aproximou dele. Ela se ajoelhou; soltou seu cinto; desabotoou a calça que deslizou suavemente por suas pernas; levantou-se; abriu o zíper do seu vestido; quando estava completamente nua, pediu-lhe que a penetrasse; ele o fez. Sua casa foi então invadida, sua vida vilipendiada por aquelas pessoas invejosas. A prostituta ria enquanto contava as poucas notas que lhe foram pagas. Saltei colérico e com minhas garras, arranhei-lhe o rosto deixando marcas profundas - uma fissura irreparável naquele rosto bonito que escondia uma alma horrível. Ao saltar, depois de estar no chão, sem perceber, fui capturado e enjaulado igual ao meu dono. Ambos estão mortos, estamos agora juntos em espírito, livres da maldade dos inferiores, porém, estamos prontos para reencarnar lado a lado, voltar para a vida terrena, em busca de vingança sem fim.

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