Sentindo la no fundo

yuri abyaza costa
Ser feliz é prioridade

Sobre a esteira rolante
Caminhamos adiante
O corpo a mente, num instante
Apenas avante
Num caminhar irrelevante
Porque por mais infante
Já cambaleante
Só resta o caminho restante
Que frustrante!

Passos largos ou lentos
Derramamos suor e lamentos
Sobre aqueles pensamentos
Que antes sedentos
Hoje são só desalentos
Ah! Tão claro os sofrimentos
Passos rápidos ou lentos
Tanto faz os momentos
Tem os mesmos comprimentos

Recorda-te dos primeiros passos
Trôpegos, entre laços
Vergonhas e desembaraços
Anos de cansaços
Em busca de abraços
Iludido pelos fachos
Servindo como capachos
Pondo-se feito quebrachos
Coitado, só rechaços

Perdeu toda a esperança
Lembra-te que botava pança?
Pois é, só lembrança
De toda aquela aventurança
Porque era jovem, era criança
Punha-se como Oh! França...,
Quanta "ignorança"
Sinta a ponta da lança
Já te feriu, nessa lambança

Agora o que lhe resta?
Nada mais presta
Porque dessa festa
Lambeu até a testa
Tenta e ainda empresta
Do passado, aquela fresta
Entreolha a floresta
Da memória indigesta
Que tua alma admoesta

Que passado sombrio
Só tem calafrio
Sente mesmo é arrepio
Dessa alma, desse frio
Que de tão vazio
Nem a vela e seu pavio
Enchem de luz seu lado arredio
Fez o que sentiu
Não fez a quem lhe pediu

Velho e egoísta
Caminha na sua pista
Curta sua conquista
Levante sua voz, insista
Peça-lhes vista
Sinta que exista
Na sua vida pacifista
Tornou-se altruísta
Perdeu a guerra, sofista!

Tudo isso é acusação
Porque há frustração
Queria mesmo confusão
Procurou outra opção
Não teve coragem, valentão
Porque era tudo interpretação
Ora ator, ora aflição
Que és tu, fanfarão?
És apenas humilhação

Deixou sua semente
Foras valente
Ou não passou de acidente?
Não és inocente
Apenas inconsequente
Vive covardemente
Pedindo à consulente
Que lhe acalme a mente
És mesmo deprimente

Por que não se mata?
Verme primata
Ânimo, desempata
Raspe o fundo da lata
Termine logo a jogata
Sua vida abstrata
Falida em concordata
Já está assinada na ata
Que és só um cardiopata

És também um sofredor
Como repete o seu amor
Oh! Coitado, que dor
Esperam mais do que pavor
Mas esse torpor
Da mente cheia de horror
Que o tempo a lhe propor
Fez de ti um acumulador
Não de alegrias. Atormentador.

Cavou a sua cova
Agora desova
Vomita toda a sova
Precisa de uma prova
O peso da corcova
Tudo desaprova
Espanto! Não tem boa-nova
Sua curvatura comprova
Resta-lhe mesmo a cova

Agora já me vou
Falei quem sou
Isso me restou
Eu quem pilotou
A nau que naufragou
Homem que minguou
Sua vida triturou
Nada lhe sobrou
Nem lembrança virou.

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