Empresa brasileira tomada na mão grande pelo governo militar

yuri abyaza costa
Governo Militar



Fala pessoal, meu nome é Yuri e o assunto que trago hoje é um dos mais surpreendentes envolvendo a ditadura militar de 1964 no Brasil. Atenha-se ao que vou falar, porque se você for brasileiro de verdade, você vai se indignar.
O que a maioria da população tem conhecimento, é de que a ditadura militar perseguiu sem piedade apenas as pessoas que se envolviam em movimentos políticos e sociais de esquerda, só que a perseguição não foi apenas do pessoal de esquerda.
Empresários multimilionários capitalistas também foram perseguidos, tiveram seus bens confiscados e suas empresas retalhadas e entregues ao capital estrangeiro. 
Foi o caso nebuloso que ocorreu com os empresários Mário Wallace Simonsen e Celso da Rocha Miranda.
Será que o que aconteceu com eles revelaria os bastidores obscuros da ditadura de 1964, mostrando o outro lado da moeda, da corrupção, da especulação e da violência jurídica, praticada por meio da canetada, apoiada pelas forças policiais da época?
É tão surpreendente que chega a ser inacreditável que tenha mesmo acontecido. 
Mário Wallace Simonsen era dono de várias empresas, entre elas, destacam-se a Panair do Brasil, que foi a maior companhia aérea do Brasil entre as décadas de 1930 até 1960.
Era dono da Companhia Eletromecânica CELMA, de manutenção de turbinas e aeronaves. A Celma foi fundada pela família do empresário Celso da Rocha Miranda e depois comprada pela PanAir, que pertencia ao empresário Mário Wallace Simonsen, tornando-se a maior empresa do Hemisfério Sul responsável pela manutenção de motores de avião de todas as companhias do mundo e inclusive aviões da Força Aérea Brasileira. 
Era dono também da Comal, a maior empresa de processamento de café do Brasil.
Wasim, trading company com escritórios em 65 países, era uma das mais importantes exportadoras de café do Brasil.
Rede Excelsior, que era uma emissora de televisão. 
Rebratel, empresa que tornava possível transmissões ao vivo de TV entre Rio e São Paulo com um sistema de micro-ondas.
Sirva-Se, a primeira rede de supermercados surgida no Brasil.
Cerâmica São Caetano. Banco Noroeste e Biscoitos Aymoré. Tudo isso pertencia ao empresário brasileiro Mário Wallace Simonsen.
Já o seu sócio, Celso da Rocha Miranda, foi dono da maior seguradora do Brasil, a Ajax Corretora de Seguros. A Companhia Internacional de Seguros, a Prospec S.A., entre muitas outras. Celso da Rocha Miranda também foi condecorado pela Rainha da Inglaterra com o Knight Comander of the British Empire, principalmente por ajudar a disseminar a cultura inglesa no Brasil, derivando-se deste feito, o famoso curso de idiomas Cultura Inglesa.
Agora acredite se quiser, porque, por um simples decreto do então presidente Castelo Branco e da canetada do ex Ministro da Aeronáutica, o Brigadeiro Eduardo Gomes, a Panair do Brasil foi fechada, 5000 funcionários demitidos, 20 mil pessoas ficaram desamparadas, algumas se suicidaram porque entraram em depressão profunda, já que era inconcebível a falência da maior empresa aérea do Brasil. 
As linhas que a Panair do Brasil fazia para a Europa, Oriente Médio e Ásia foram canceladas e substituídas pela empresa Varig, que na época era concorrente da PanAir e queria o mercado de linhas aéreas para a Europa. Segundo consta, a Varig recebeu informações privilegiadas do prévio cancelamento das linhas da PanAir, por isso, a empresa Varig já havia preparado alguns aviões para ocupar a vaga aberta pela ausência da PanAir. 
A empresa CELMA foi estatizada durante o governo militar e depois vendida durante o governo Collor. Os Aviões da PanAir foram desmontados e leiloados, tudo isso baseado na alegação de que a PanAir do Brasil devia aos cofres públicos. Só que, 30 anos depois, o próprio governo assumiu que a PanAir não devia nada aos cofres públicos, e que mesmo se devesse, o seu patrimônio era tão grande que pagaria com facilidade qualquer dívida.
Para se ter uma ideia do patrimônio da PanAir, todos os aeroportos que iam da Bahia até Belém, no Pará, foram construídos pela PanAir. A terra foi comprada e os aeroportos construídos. Tudo foi tomado pelo governo militar, estatizado e depois vendido. Os aviões que não foram desmontados eram entregues à Varig e à Cruzeiro, uma outra companhia aérea. O capital dos empresários no exterior foi liquidado e tudo vendido pela metade do preço.
A PanAir do Brasil era tão perfeita, que os talheres dos aviões eram de prata, as louças de cristal, a champagne francesa, o whisky dezoito anos, os aviões, os mais modernos, como o Lockheed Constellation, que voava perto de 800 quilômetros por hora, um dos mais modernos do mundo.
Na França, a PanAir do Brasil tinha um escritório que era referência para notícias rápidas do Brasil para a Europa.
Agora, o que teria levado o Governo militar da época sob o comando do ex-presidente Castelo Branco a fechar a PanAir?
Segundo consta, antes de Castelo Branco assumir a presidência, o ex-presidente Jânio Quadros havia enviado o ex-vice presidente João Goulart para a China, a fim de tratar de negócios comerciais, nesse ínterim, Jânio renunciou. O empresário Mário Simonsen, mandou um avião buscar João Goulart na China e de quem era muito amigo, para que ele regressasse ao Brasil a fim de assumir a presidência, isso irritou os militares da época. Algumas coisas aconteceram e considerando a cadeira da presidência vaga, os militares assumiram o poder e começaram a perseguir as pessoas mais próximas de João Goulart, nesse caso, Mário Wallace Simonsen e Celso da Rocha Miranda, com o argumento de que ambos apoiavam um governo comunista no Brasil. 
É estranho engolir essa parte da história, porque pode-se questionar como é que dois mega empresários capitalistas poderiam apoiar um governo comunista sendo que hoje é sabido que o Governo João Goulart não tinha nada de comunista? Isso não me faz sentido.
Agora pasmem. A PanAir do Brasil era tão grande que tinha planos de alugar ônibus espaciais para fazer viagens de brasileiros ao espaço, o que colocaria o Brasil em um patamar muito elevado de progresso. Tudo isso foi esmagado, picado, enterrado e tentaram apagar a memória da PanAir, só que quem tentou fazer isso, não contava que pessoas continuariam a morrer e outras a nascer e não contavam também que a verdade é igual ao Sol, que pode ser encoberto pelas nuvens por um tempo, mas que cedo ou tarde volta a brilhar, como dizia Mário Wallace Simonsen. 
Até hoje os familiares desses dois empresários brigam na Justiça para receberem o que é deles por direito e o governo se recusa a pagar. 
O Caso PanAir é tão suspeito que existem sugestões de que esse caso faça parte da grade curricular dos estudantes de direito do Brasil para que os estudantes entendam quais as possibilidades de estrago que a caneta nas mãos dos homens errados é capaz de fazer. 
A minha sugestão é que você que sentiu algo estranho no peito assistindo a este vídeo, procure saber por conta própria um pouco mais a respeito da PanAir do Brasil.
Eu fiquei indignado com tamanha violência jurídica e política que ocorreu na época e isso me deixou com medo, pois mostrou que se a Justiça pode ser extremamente injusta com os ricos, imaginem com os pobres. 



Comentários

Postagens mais visitadas