Lá se vai o Sergio Rossi o Serjão

yuri abyaza costa
Sérgio Rossi

Confesso para todos vocês que é muito difícil escrever essa linhas, porque não consigo ver direito, já que meus olhos estão cheios de lágrimas, porque a emoção é grande. 

Soube hoje cedo (04/09/2020) por uma mensagem do Celso, irmão do Sérgio, do desencarne desse meu amigo, por quem choro pela sua passagem. 

O Sérgio não era uma pessoa comum, igual a grande maioria. Ele era uma pessoa diferente, especial, porque tinha amor no coração. Acredite, ele falava com os espíritos, tinha tantas histórias para contar de tudo o que ele viveu. Ele ria sem parar quando contava a história do Jacu, um pássaro característico de alguma regiões. A história era sobre um amigo do Sérgio, que estava acamado e perto da morte, isso foi lá no Estado do Mato Grosso, onde Jacu é muito raro. Do nada esse amigo dele começou a gritar que queria comer um Jacu - "eu quero comer Jacu" gritava para a mulher e todos o olhavam espantados. A mulher dizia que não tinha Jacu, quando de repente um Jacu entrou voando pela janela, bateu a cabeça na parede e morreu. A mulher fez um ensopado, o homem comeu e morreu.
Sobre isso o Sérgio falava do poder da mente, do desejo, da força do querer, do poder de materializar o que se pede com as palavras e os sentimentos alinhados com o universo. Ele dizia que essa é a forma que temos para falar com Deus. 

Lembro-me de quando o conheci, faz muitos anos, uns vinte eu acho. Depois que meu pai morreu, eu o adotei como pai, porque não tinha nada que eu perguntasse que o Serjão não sabia. Ela era um gênio, alegre e divertido. Riamos muito sobre várias coisas e o nosso cientista estava sempre disposto a ajudar a qualquer momento e sem nunca esperar ou pedir nada em troca. Ele ajudava porque ajudar fazia parte da sua natureza. 

Se tinha uma profissão que ele não gostava era a de médico. Ele era o seu próprio médico. Quantas vezes se curou sozinho. Digo isso porque eu estava lá e vi com meus próprios olhos. 

Ele também era um artista da arte sacra. Era um dos três ou quatro em todo o Brasil que fazia e restaurava arte sacra. Químico, eletricista, metalúrgico, ou para resumir, mecânico de disco voador. Sua cidade preferida era São Tomé das Letras e o Estado do Brasil que ele mais gostava era Mato Grosso e o metal com o qual ele melhor se identificava era o ouro. Dizia muito sobre o ouro, suas propriedades de cura, o uso na medicina, na espiritualidade etc. 

O Serjão tinha diabetes e foi isso o que o matou antes mesmo de ele desencarnar, quando teve que amputar dois dedos de um dos pés, o que dificultou a sua mobilidade, agravando-se mais e mais, mesmo assim não desanimava, permanecia firme no dia a dia. Estava feliz quando o céu amanhecia chuvoso, nublado, cinzento e ficava meio cabisbaixo com o céu ensolarado e a temperatura quente. Isso eu juro que não entendia nele. 

Todos nós estamos conectados, ligados a uma grande teia sináptica invisível aos olhos humanos. Quando uma dessas sinapses se desliga pela morte de uma pessoa, cria-se uma confusão em nossos mundos individuais. Novas redes precisam se formar para dar vida e essa vida ocupar o lugar daquele que morreu. 

Veja como isso é verdade pelo que vou lhe contar. Ontem dia 03/09/2020 não acordei bem, tive forte vertigem durante o dia todo e muita raiva. Tenho certeza que era o Serjão passando por aqui antecipando seu desencarne de hoje dia 04/09/2020. 

Amigo... choro pela sua passagem, porque você acreditava tanto na vida após o desencarne, e agora que desencarnou, tenho certeza que está vislumbrando tudo o que dizia para nós aqui, enquanto estava encarnado. Choro porque não teremos mais a quem recorrer para ouvir palavras de amor, de entusiasmo, lições de vida, histórias inacreditáveis. Choro porque nunca mais poderei apertar a sua mão enorme ou ser engolido pelo seu abraço extensivo e envolvente, e nunca mais ouvir a voz rouca e calma que proferiam tantas palavras cheias de sabedoria. 

Olhe por todos nós que ficamos aqui e nos guie. Ria muito aonde estiver e espere que um dia, na hora certa, no dia certo, quando Deus determinar, nos encontraremos novamente. 

Abraços do amigo Yuri.  

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