Um grito mudo de socorro

yuri abyaza costa
Para ser feliz é preciso se bastar

É na aparência maquiada e falsificada que vemos o grito atravessado e mudo que implora por socorro. Pessoas bem vestidas, perfumadas, cabelos escovados, maquiagem destacada que esconde a verdadeira face de tristeza, o verdadeiro vazio do peito, igual a um "buraco negro" que engole tudo o que está perto mas não se enche de nada, já que é tão vazio, por isso nada é capaz de enchê-lo.
É o pedido que diz: "olhem para mim, pois sinto-me tão vazia que o único jeito que tenho para chamar a sua atenção e tentar me preencher é pela minha aparência" - que nem a ela mesma satisfaz. Porque não é a aparência, não é o dinheiro. Nunca foram essas combinações os ingredientes para a felicidade que preenche o vazio. Para a pessoa ser feliz o tempo todo ela mesma deve se bastar. Sua companhia deve ser o seu melhor amigo. Ela se olha no espelho e diz a si, que está feliz, pois está completa, porque está também repleta de amor próprio em primeiro lugar e de amor pelo mundo, disposta a doar o que carrega em si sem nunca esperar nada em troca, diferente do vai e vem das marés, que sempre devolve para a terra o que lhe foi oferecido em terra.
Feliz mesmo é o vulcão, que quando rompe, derrama a lava que mais tarde servirá de alimento para a Terra e para tudo e todos os que vivem Nela e a lava nunca retorna para o vulcão, porque o interior da Terra está preenchido dela mesma, não há vazio, nem vaidade, só há amor. O paradoxo disso é que quando a Terra quer se preencher de mais vida, primeiro ela se esvazia. Depois o vento igual palavras arrasta para lá e acolá as cinzas expelidas pelo vulcão, semeando a palavra da Terra: VIDA. Vida essa que saiu de dentro, pois tinha muito para multiplicar. Diferente do "buraco negro" diferente das marés. 
Quer ser igual ao vulcão? Primeiro preencha-se de conteúdo e depois que estiver empanturrado estará pronto para expelir tudo o que engoliu por meio da leitura, das viagens e experiências que o seu viver lhe proporciona. A vida é um presente dado a nós com muita alegria, por isso, deve ser recebido também com alegria, apreciado e valorizado e isso se faz sem esperar mais nada da vida, faz-se dando a ela o que ela lhe deu em Terra, igual ao vai e vem das marés, igual ao "buraco negro" no loop infinito de vida e morte que não se enche de circular.
Nunca foi a aparência, nunca foi o dinheiro. Foi e sempre será a lava do vulcão - o que está dentro de você. 

Comentários

Postagens mais visitadas