Lá se vai o Alexandre Bentim

 

Alexandre Bentim

Lembro-me do Alexandre Bentim desde que eu era garoto, e olha que já estou beirando os 50 anos. Alexandre era uma figura única, quando jovem, era bem apessoado, dono de um bigode que fazia inveja ao mais nobre conde europeu. Durante anos foi considerado um rei na cidade de Carapicuíba, onde exerceu o cargo de vereador por vários mandatos e de Presidente da Câmara, até que ele conheceu meu pai, o jornalista e professor Miguel Costa Junior que, com seu jornal O Debate, denunciava para o Ministério Público tudo o que meu pai considerava que fossem "trapalhadas" do Alexandre, que passou a odiar meu pai, porque até antes de cruzar o caminho do Miguel Costa Junior, a vida do Bentim era outra. Ambos se respeitavam, mas cada um no seu canto e no fim, cansados de lutarem por uma causa perdida, tornaram-se "amigos".

Meu pai morreu no ano de 2000 e o Bentim teve que fazer um transplante de fígado e então sua vida mudou completamente. Eu e o Bentim sempre fomos amigos, tratava-me muito bem, porque sabia diferenciar a vida política da vida pessoal, e também sabia que a família, os filhos etc de supostos inimigos políticos nada tem a ver uma coisa com a outra. A briga era entre ele e meu pai e isso sempre foi respeitado, tanto é que, eu frequentava a casa do Bentim e cheguei a entrevistá-lo uma vez, só que a entrevista se perdeu e junto dela suas memórias. 

Mas estou aqui novamente para guardar um pouco da história desse cidadão inteligente, político de carreira, professor de muitos aventureiros a cargos públicos eletivos e um verdadeiro cavalheiro que se tornou mais uma vítima do COVID-19. Deixa esposa, filhos, netos e muitos amigos. 

Até breve senhor professor.