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Dona Fadinha |
Você não sabe como eu me aposentei, se não fosse a Neife (Diretora do Cartório de Carapicuíba) eu não teria me aposentado, ela me colocou lá e eu trabalhei e consegui me aposentar - imagina se eu não tivesse me aposentado - exclamava.
Dona Mafalda, conhecida por Fadinha, era muito querida por toda a vizinhança, mulher ativa, não parava em casa, sempre pra cima e para baixo, de um lado e do outro, sentava-se no sofá da sua casa, ligava a televisão para ver o noticiário e a novela e começava a fazer tricô, ela fazia muitas coisas, mas o tricô preferido eram meias, depois presenteava os amigos com as meias que fazia com muito carinho, eu mesmo tenho duas meias que ela fez.
Ela era dona da Retífica Agulhas Negras, retífica muito famosa que já retificou motores de gente importante, além disso cozinhava muito bem, era prendada e exigente igual a um fiscal da Receita Federal, tudo devia ser limpo e organizado.
Apesar da aparência carrancuda quando andava pelas ruas, ou dirigindo seu Fiesta vermelho, sabe-se lá de qual ano, de tão antigo que era, tinha um coração maravilhoso, bastava que não "pisasse em seu calo", pois se pisasse, levava umas palmadas sem dó.
Fadinha era mãe, avó e bisavó. Foi acometida por Alzheimer e para não sofrer e para que nada de ruim acontecesse, como esquecer uma panela no fogo, a família optou por um asilo para idosos da melhor qualidade. Viúva há muitos anos, arrumou um namorado aos 86 anos, estava feliz e revivendo o melhor da vida. Nesse asilo, ela desfrutava do melhor, sendo quatro refeições ao dia, entretenimento, cuidados médicos e muito amor, além de outras benesses, que só o amor dos filhos pode pagar - pois a mensalidade era de valor alto.
Às vezes eu a levava ao médico na Clinica de Olhos em São Paulo, no bairro do Tucuruvi, ela nunca se esquecia de levar uma sacola com as meias para presentear os médicos. Era uma pessoa desapegada de bens materiais, pois sabia e falava que não levamos nada mesmo.
Aos 87 anos teve que amputar uma das pernas e já se fazia necessário amputar a outra, o que a abalou e também sua família, foi então que Deus resolveu reabrir o seu processo de vida e avaliar suas ações, decidindo que o melhor a se fazer era recolhe-la para o eterno - e assim foi feita a sua vontade.
Descanse em paz cara fadinha. Aos familiares, principalmente ao seu filho e meu amigo Sérgio Mendes, meus mais sinceros sentimentos. Um dia todos nos veremos de novo.
Verdade, essa era a Fadinha, gostava de uma prosa, sempre risonha, fazia um bolo de banana maravilhoso, Deus te receba com braços abertos nossa eterna Fadinha
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